Sempre viva, água viva
Ontem, antes de eu renascer, eu pensava que eu me entendia por completo. Eu sabia tanto de mim que pensava que já conhecia todas as minhas armas, escudos e fraquezas. O útero da existência me sugou de volta para o seu confinamento e depois de um novo parto em que lutei pra (re)existir, não resisti e morri, pra renascer. Me vi com um novo corpo, que era o mesmo que já existia e novos olhos para o mundo que se mostraram, na verdade, os mesmos de antes (tanto os olhos quanto o mundo), só que com outro brilho. Renasci em uma outra vida e tive que reaprender quem eu sou e quem eu não sou, onde estou e pra onde vou e quem é que eu quero ao meu lado.
Renascer pode ser cansativo. É exaustivo ter que morrer também. As duas coisas doem e exigem luta. Ninguém se entrega tanto pra vida porque a gente sabe que a morte está logo ali. Ninguém se entrega pra morte tão fácil porque viver vale o esforço de permanecer vivo. E mesmo lutando a gente morre, pra deixar de ser arrogante e entender que ainda se tem muito a aprender enquanto se estiver vivo. E depois a gente nasce de novo, recriando toda a evolução da vida na terra, toda a trajetória humana em um só ser, revivendo toda a nossa própria história e trazendo um novo significado pra essa existência, parte e toda.
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Imagem cedida por V.Maria |
E nesse ciclo do qual ninguém pode escapar, vivo, morro, montanha e rio, e água que deságua no mar enquanto eu oceano, água-viva e evaporo no ar, viro nuvem e caio de volta ao chão. Viro orvalho na pétala da flor que nunca morre, sempre-viva.
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