Vem aí: Lua em Escorpião
Qual é o verdadeiro primeiro passo de uma jornada? Eu não sei como começou minha trajetória na escrita, então vou recontar algo que já expliquei na segunda edição da minha newsletter, Serviço de Escritas da Anna.
O caminho que narro hoje é aquele que tracei pra chegar a um objetivo até muito desejado, mas que parecia pertencer a um mundo de sonhos e não a uma realidade possível de ser alcançada.
Quando criança eu gostava de histórias e acho que entendo melhor mundo através de narrativas. Quando aprendi a escrever, amava ler, mas também comecei a criar minhas próprias historinhas. Na minha formatura do terceiro período eu dizia que queria ser escritora. Não me lembro de nenhum escrito marcante da época, mas meus pais ainda devem ter algo guardado. Lembro que gostava das redações e tarefas mais criativas da escolas, nas quais podia contar por escrito aquilo que eu imaginava com tanta facilidade. Na adolescência, escrevi tentativas de romances, rascunhos de poesias românticas e uns versos rebeldes. Participava dos concursos da escola, mas também não guardei nada, nem me lembro de nada em específico. Não sou de me apegar então sobraram também poucos registros dessa época. Já no fim do ensino médio, me embrenhei num mundo hiper-imaginativo e interativo que os primórdios da internet me permitiram conhecer: comecei a ler e escrever fanfics de Harry Potter.
Na faculdade, que se conciliou com o trabalho, acabei perdendo o tempo pra me dedicar às histórias mas as ideias nunca paravam de surgir. Outras questões se somaram à essa falta de tempo quando me formei. Acabei escolhendo deixar de dar aulas de inglês para fazer uma formação para professores de Yoga. Hoje tenho meu espaço próprio e consegui alcançar uma das partes mais importantes desse plano de uma carreira: ter tempo pra voltar a escrever. Yoga me trás sustento material. Mas é a escrita que me trás um sustento que não consigo explicar com palavras, mesmo que palavras sejam matéria-prima desse meu trabalho-hobby amador-remunerado que se tornou a escrita.
Retomei o escrever com mais disciplina. Eu sou boa nisso, tenho sol em virgem. A persistência programada me ajudou a me desenvolver um pouco mais por conta própria e usando o que eu ainda me lembrava da faculdade de Letras. Essa disciplina me rendeu algum material consistente: poesias, contos, rascunhos de romances, mas o que fazer com minha escrita a partir daquele ponto?
Olhei pra quem já tinha traçado o caminho que eu queria e encontrei a Fernanda Rodrigues, que eu acompanhava nas redes. Vi que ela oferecia uma mentoria de escrita. Comecei a ter aulas com ela. Cresci na escrita, aprendi alguns caminhos das pedras e a mentoria incluía preparar material para um livro.
E mesmo assim: Eu não esperava mesmo que fosse lançar um livro. Mas não é que Lua em Escorpião, meu primeiro livro de poesia, está saindo?
Parte do meu processo de disciplina virginiana para escrever incluía escrever um conto por mês e uma poesia por semana. Desse exercício, saiu muita coisa. Algumas boas, outras ainda garradas, como gosto de dizer no meu amado dialeto mineiro. Eu estava enferrujada, afinal. Pelo que me lembro, tinha escrito poesia pela última vez no ensino médio. Mas não desisti. Durante 2020 segui anotando num caderno as poesias semanais e nisso fui ganhando fluência nessa linguagem outra vez, relembrando algumas técnicas, recolhendo dicas, temas, propostas e exercícios de escrita das pessoas que me inspiram. No fim do ano, quando fui fazer a mentoria com a Fernanda, não pensava que minhas poesias eram publicáveis, mas acabei mostrando pra ela parte dessa produção e, para minha surpresa, tinha material bom ali.
Reuni aquelas das quais mais me orgulhava linguística e poeticamente (tem diferença entre uma coisa e outra?) ou as mais importantes pra mim, que eu queria que me representassem ali no papel. Afinal, escrever também é deixar legado, mesmo que não o esperado, mas uma marca minha no mundo. Lapidei os poemas, antes pedras brutas das minhas emoções, com a ajuda da Fernanda e do olhar crítico de uma irmã que costuma ser sempre a pessoa pra quem eu peço opinião sobre coisas importantes. Tracei um fio condutor entre aqueles tecidos removidos praticamente da minha própria pele, costurei a trama poética. Mandei pra editoras. Recebi sims. Ainda é difícil acreditar que eu passei por tudo isso, parecem memórias da vida de outra pessoa, não minhas.
Eu não poderia escolher outro nome pro livro se não este. Tenho de fato uma Lua em Escorpião, o que quer dizer que sou intensa e profunda emocionalmente. A maioria das palavras neste livro jorraram das minhas emoções sempre tão exageradas. A matéria desse trabalho é também a paixão.
Além da Lua em Escorpião, tenho também um ascendente no mesmo signo que torna toda essa profundidade um pouco oculta. Esbarrar comigo é como pisar numa poça d'água pensando que ela não vai molhar mais do que a sola dos seus sapatos, mas você acaba afundando até o pescoço. A água em que quero banhar aqueles que se arriscarem a pisar nessa poça - que na verdade é poço - é composta de pura emoção. Dá um friozinho na barriga pensar que vão descobrir tudo que eu oculto e guardo de forma inconsciente e que só a poesia dá conta de traduzir. Mas é um desafio gostoso e parte do que eu almejo como projeto de vida: deixar as pessoas saberem que eu sou esse poço profundo de águas cristalinas que matam a sede e são fonte de vida. A poça pode ser ignorada e logo o sol a evapora. Quem tem a coragem de dizer que é poço, sabendo que ser fonte não nos faz perder nada, ganha vilarejos ao seu redor, cuidado e proteção. Se alguém quiser tocar o espelho dessa água, deve saber que é profunda.
É toda essa intensidade e esse desejo profundo de existir e de viver tudo que a vida oferece com o máximo de entrega que despejo nas páginas de Lua em Escorpião, que já está em pré-venda no site da Editora Penalux! Nesse processo de compartilhar, deixo aqui a capa e o link para encomendas em pré-venda:
Mais informações sobre o lançamento virão em breve!
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