Primeira pessoa: A Solidão, minha velha amiga
A Anna Carolina do passado pensava que a única amiga melhor amiga que podia ter era a solidão. Mas um dia, com ajuda de amigos, ela percebeu que podia ter outras grandes amizades, e com pessoas. Aí a Anna Carolina do passado encontrou ajuda pra fazer outros amigos, pra lidar com o amor e as relações em família. Ela aprendeu a importância de ter muitas pessoas ao redor, de cultivar amizades diferentes, de aproveitar o máximo de relações, que talvez não sejam ideais como aquela que existiu entre a solidão e eu, mas que põem em perspectiva minha relação abusiva com o isolamento.
A Anna Carolina do presente agradece imensamente à Anna Carolina de antes por ter se cuidado pra não depender da solidão. Ela está hoje forte e sobreviveu a coisas que a Anna Carolina do passado certamente não teria tanta facilidade em enfrentar. Hoje estamos em oito meses de pandemia e, sem a presença física de todas as pessoas que me fortalecem, sob o peso da distância de quem fazia tudo ficar leve, a solidão volta a assombrar. E a Anna Carolina do presente teme que a Anna Carolina do futuro se perca, e não consiga mais sair do isolamento, muito mais que social, forçado e externo, que promete permanecer.
Já não há mais meios possíveis de combater e fugir dessa solidão em meio a um isolamento compulsório. A solitude vai aos poucos se tornando soledade e abandono, dos outros e da esperança que eu tenho por mim mesma. Mas eu estou aqui registrando minha aposta que a Anna Carolina do futuro vai conseguir encontrar soluções que eu, aqui no presente não consigo ver. Passo o bastão pra você agora, minha versão futura! Enquanto ainda há esperança, eu confio em você como a Anna Carolina do passado confiou em mim.
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