Limbo
Tem dias que acordo num país distante chamado Solidão. Me sinto estrangeira em mim mesma, perdida na tradução e tudo dentro de mim incomunicável. Ninguém ao redor parece saber minha língua, meus costumes ou sequer meu nome.
Mesmo que eu fale, ninguém entende.
De vez em quando, os encontros e desencontros da vida me fazem encontrar pessoas com a mesma origem que eu: outros migrantes, imigrantes, emigrantes - não importa o prefixo, sempre estamos nos movendo fronteira adentro ou afora do país da Solidão. De passagem, os forasteiros sabem minha língua, entendem meus costumes, sabem pronunciar meu nome. Me sinto nativa. Será que eu devia pedir um visto que me marque como local?
Oh não, os visitantes já estão de saída, com passagem marcada pra longe daqui. Continuo expatriada num lugar que não é meu, tendo como pertence e bagagem só o que o corpo cansado e incompreendido suporta carregar.
Queria que ficassem. Queria eu poder ficar aqui. Queria pertencer ao que existe dentro das fronteiras desse país. Mas ele não me pertence. Nem eu pertenço a lugar nenhum. Nenhum limite me contém. Sou estrangeira de mim e nativa do mundo todo, mundo que não consigo alcançar.
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