Kriya-Ativa: Parte 6 - Ajna Chakra
O sexto sentido pode parecer algo místico e difícil de definir, que acaba por vezes sendo entendido quase como um poder sobre-humano. Não é. O sexto-sentido é uma união das nossas percepções captadas pelos outros cinco sentidos - que conectam o corpo ao mundo externo - e essas impressões, após anos de entendimento e reflexão que passam pela mente racional, se tornam orgânicas a ponto de nos darem alertas, interpretações tão rápidas das coisas ao nosso redor que sequer passam pela nossa racionalidade. O sexto-sentido vai sendo cultivado ao longo dos anos, e sua precisão se alimenta também das nossas vivências. Um dos ingredientes para fazer crescer nossa intuição é certamente a reflexão sobre o que experimentamos do mundo.
Mesmo que o nome Ajna Chakra não seja familiar, a ideia do ponto entre as sobrancelhas como o terceiro olho, que vê algo que os olhos físicos não vêem, é bastante difundida e associada ao misticismo e a visões de outras dimensões energéticas e espirituais. Este portal para uma consciência superior pode até se abrir e nos levar a outras dimensões, mas de uma forma mais prática, este chakra lida com a percepção mais sutil do nosso interior e nos ajuda consequentemente a ter uma visão mais nítida daquilo que nos cerca.
Ajna significa centro de controle. E no corpo físico, o Ajna Chakra se liga à glândula localizada neste local: a hipófise, também chamada de glândula pineal, controla todas as outras glândulas do corpo. Quando ela está em desequilíbrio, todo o corpo físico, mental e emocional perde o equilíbrio também. Não à toa, é impossível ter uma percepção precisa do mundo quando estamos com o corpo físico ou mental fora de um funcionamento harmonioso. Quando estamos com dor, por exemplo, é difícil pensar, então não interpretamos de forma próxima da realidade o que acontece conosco. Da mesma forma, quando nossa mente passa a funcionar de forma diferente, nossa relação com o corpo se modifica também, e as funcionalidades do corpo também se alteram. Equilíbrio é essencial na mente, no corpo e entre estas duas partes do nosso ser.
Este chrakra é representado pela luz lilás e é conectado aos nossos olhos e ao nosso cérebro. Ele se desenvolve entre os 28 e os 35 anos e é relacionado à nossa intuição, como dito anteriormente.
Nossa expressão artística passa pelo desenvolvimento de técnicas e pela intelectualidade, mas definitivamente é intuitiva.
Muitas vezes o que queremos criar simplesmente vem de algum lugar nosso que não sabemos identificar racionalmente. Muitos recursos que usamos em nossas obras não passam por um conhecimento técnico, é algo que simplesmente nos dá vontade de fazer porque parece certo para o que nos propusemos a criar, sem que haja uma explicação lógica que nos faça entender o porquê daquele processo querer acontecer. A criação artística sem nenhuma técnica é válida como arte ou é apenas uma expressão? A técnica sem nenhum impulso irracional e desejo de expressão é mesmo arte? As respostas para estas perguntas nos ajudam a entender o que vemos como arte. Apesar de termos que tomar cuidado com as implicações sociais que podem acabar excluindo a arte de acordo com a classe, a raça e etnia, gênero e sexualidade das pessoas que produzem a arte, é interessante chegar a algumas respostas do que é arte para você. Enquanto indivíduo, responder a essas perguntas ajuda a definir o que você considera arte entre as coisas que você produz. Não há resposta certa ou errada, obviamente. As respostas são somente guias para a sua própria classificação do que tem valor artístico na sua produção, e podem ajudar a facilitar também no entendimento do valor pessoal e monetário da sua obra - já que o mundo capitalista ainda vê a arte como mercadoria.
Proposta de produção: Assente-se em um lugar silencioso e calmo, e deixe o material que você costuma usar pra escrever, ou pintar, ou dançar ou desenhar, que você quer utilizar por perto.. Primeiro, acomode-se em uma posição confortável, feche os olhos e sinta sua respiração e seus batimentos cardíacos. Sinta o estado do seu corpo: ele está agitado ou calmo? Tenso ou relaxado? Depois de observar o corpo, se houver algo que possa deixá-lo mais confortável faça. Em seguida, com o corpo já no máximo de conforto, deixe os pensamentos fluirem de forma livre, mas com consciência do que você está pensando e sentindo. Dê nome às emoções e sentimentos: animação, euforia, medo, preocupação e perceba alguns pensamentos que estão na superfície da sua mente. Faça isso pelo tempo que julgar suficiente pra formar um retrato do seu corpo e da sua mente, mas o tempo mínimo ideal é de 5 minutos. Agora, com uma conexão maior com seu corpo e sua mente, você pode olhar para o material que deixou à disposição. Pegue o material que sua mão quiser ir primeiro. Talvez seja uma caneta azul, mesmo que existam outras cores disponíveis, talvez seja até um material que não tenha sido preparado pra uso nesta produção. Faça o primeiro movimento que desejar para criar. Não pense. A ideia desse exercício é não pensar muito. Só fazer. Desenhe, escreva, pinte, faça o que vier primeiro à mente. E finalize a ideia, mesmo que ela não esteja cumprindo com as suas expectativas técnicas. Se é um desenho, só pare quando tiver concluído. Se for um conto, só termine quando estiver com ele concluído. Não se preocupe com a perfeição, apenas foque em concluir e não em entregar algo perfeito. Quando tiver terminado, observe o produto final. Tente traçar paralelos entre as sensações do seu corpo, os seus pensamentos e sentimentos com o que foi produzido. Dê um nome para a obra que tenha a ver com essas conexões. Se desejar, você pode voltar à obra depois, lapidá-la e adaptá-la, mas o mais interessante é encarar essa produção como um retrato do seu estado físico e mental. Nem bom nem ruim, nem certo nem errado, apenas o que você era no momento em que a produziu.
Quem está acompanhando essa série sabe que a proposta inicial era relacionar também os chakras à jornadas do herói e da heroína, possibilidades de identificação narrativa com as quais eu já vinha me sentindo um pouco desconfortável a algum tempo, por serem limitadas e limitantes e estabelecerem como universais uma visão bem específica que já não se relaciona muito comigo. Mas algumas reflexões pontuais dos últimos tempos me fizeram concluir que não quero mais abraçar esse tipo de narrativa de forma tão clara no momento. Já no post anterior eu decidi deixar essa parte da série de lado, e ainda vou voltar nos textos anteriores, retirar o que foi escrito sobre as jornadas do herói e da heroína. No entanto, eu ainda não tinha avisado isso aqui, então está aqui o anúncio oficial.
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