Kriya-ativa parte 5: Vishuddha

 

fundo branco, silhuetas escuras de duas mãos se direcionando uma à outra, quase se encostando


Vishuddha significa purificador. O nome do quinto chakra diz diretamente sobre sua função: filtrar aquilo que vem da mente para trazer ao plano material e, da mesma forma, este centro energético também purifica aquilo que vem do mundo externo e leva as informações à nossa mente e ao nosso coração. Localizado na região da garganta, ele é responsável pela comunicação e se desenvolve principalmente entre os 28 e 35 anos. 

É comum pensarmos que boa comunicação tem a ver com fala. Mas ela se relaciona principalmente com o entendimento do outro, e isto parte da escuta, da atenção que damos ao que é dito. Quando compreendemos a pessoa com quem nos comunicamos, somos capazes de escolher as melhores palavras, o melhor tom, as melhores formas de transmitir as nossas ideias. A comunicação nos liga ao outro de forma recíproca, e serve para que possamos construir não só o elo com os outros mas também aquilo que surge depois que nos unimos às pessoas: obras coletivas e a própria cultura.

Em Anahata - o chakra anterior, do coração - se concentra a ligação entre os chakras mais conectados ao corpo físico e os chakras que se ligam mais fortemente a vibrações mais sutis: as mentais e emocionais. Estudando os centros energéticos de baixo pra cima, Vishuddha é o primeiro após o do coração. Como sugere esta classificação, ele não só se conecta ao corpo físico, mas também ao corpo mental e emocional. Suas vibrações tratam justamente de expor aquilo que está no nosso interior ao mundo. Quanto mais ativamente equilibrado estiver este centro energético, melhor nos comunicamos. Representado pela cor azul celeste, como a do céu límpido, este chakra em equilíbrio nos permite justamente dissolver as nebulosidades em nossas comunicações para que tudo que precisamos expressar fique límpido e claro como o céu aberto em um dia de sol. No nível físico, Vishuddha é ligado às glândulas tireoide e paratireoide, produtoras de hormônios que agem em praticamente todos os órgãos e sistemas de nosso corpo. De certa forma, são estas glândulas que coordenam - não em posição de superioridade, mas como alguém que faz o intermédio - o funcionamento equilibrado de todo o corpo físico e também da mente, já que as disfunções da tireoide afetam a memória e a concentração. 

Nossas ideias são intermediadas, ou purificadas por este centro, para então construirmos conexões com as pessoas, e com estas relações, novos mundos que uma vez imaginamos. Vishuddha é o chakra que nos ajuda a realizar aquilo que está no mundo das nossas ideias. Construtiva, a comunicação nos trás conhecimento e permite desenvolvimento mental, emocional e espiritual posteriores.

Quando nos expressamos - seja em qual linguagem for - estamos comunicando aquilo que reside em nossa mente e estamos trazendo para o exterior nossos pensamentos e emoções. Não apenas para mostrá-los, mas para entrarmos em sintonia com os outros para construirmos algo em comum. A arte é obviamente uma forma de expressão, independente da linguagem: escrita, música, dança, teatro, colagem, tudo é uso de algum instrumento, corporal ou externo, para representação consciente ou inconsciente daquilo que está em nossa mente - individual ou coletiva.

De certo modo, nunca é possível representar com nenhuma linguagem aquilo que sentimos ou pensamos com total exatidão. Isto porque a linguagem - seja ela qual for - é incompleta e incapaz de transmitir aquilo que se manifesta em imagens e sensações muitas vezes intraduzíveis. A linguagem, dessa forma acaba selecionando, não de forma consciente - aquilo que está em nós. Tudo que manifestamos externamente, de certo modo, é filtrado durante o processo de comunicação por este mecanismo de comunicação. Da mesma maneira, o que vem de fora também passa primeiro por nossos sentidos e depois pela subjetividade individual de cada pessoa e seu histórico social e familiar. Só então o conteúdo é assimilado por a nossa mente. A comunicação nunca é pura porque nunca é direta, mas ao mesmo tempo ela faz o trabalho de separar a essência do que há de ser transmitido com a linguagem.

As técnicas que utilizamos para nos expressar artisticamente acabam se tornando método de purificar aquilo que sentimos ou pensamos. Parte da essência daquilo que queremos transmitir ficará conosco inevitavelmente, e a outra parte segue para o mundo exterior. Mas qual é a parte purificada? A substância que fica ou a que vai? Não é possível dizer, porque antes do processo, ambas formam uma unidade concisa. O mesmo princípio se aplica ao que absorvemos do mundo. 

O Vishuddha chakra pode nos inspirar a aperfeiçoar nossas técnicas e ferramentas para que nossa expressão seja mais próxima do que de fato sentimos, ainda que tenhamos em mente a impossibilidade de uma comunicação perfeitamente precisa.

Proposta de produção: 

Revisite alguma obra produzida anteriormente. Pode ser algo já publicado ou exposto que ganhará uma nova versão, ou algo que tenha ficado na gaveta. Relembre a sua intenção ao produzir aquela obra. O que você queria comunicar ao mundo? Use suas ferramentas atuais (talvez você tenha praticado mais alguma técnica ou tenha percebido outras maneiras de fazer o que fez antes) para modificar o que você fez. A intenção das novas intervenções é deixar ainda mais preciso aquilo que você desejava comunicar anteriormente. Apenas modifique o que for deixar sua intenção mais puramente explícita. 

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